Fim da noite histórica e alegre, em torno da mesa farta do Bar Palácio, com o metalúrgico e o scholar dividindo a comum oposição aos militares, recorda Ernani.
Tão bem foi o Parcerias Impossíveis que Lerner, ao contrário de outros programas, o manteve pelos quatro anos daquele mandato.
E marcou época, com nomes como Fernando Gabeira; Grande Otelo, Ziraldo, João Saldanha, Ademil da Fonseca, Paulinho Nogueira... A vocação de administrador cultural foi mais adiante: conseguiu implantar o projeto longamente trabalhado pelo arquiteto Rafael Dely, de restauração da Confeitaria Schaffer [parte da história de Curitiba, hoje abriga mais uma loja de confecções]. A Feira Nacional de Humor levou também a assinatura de Ernani, uma reunião de celebridades como Ziraldo, Zélio, Millor, em exposições e debates sobre humor e charges como fontes de expressão e crítica social.
De Ernani há muito mais a observar. Como o fato de que, sendo cidadão do mundo, é primeiramente curitibano, fala mesmo o “curitibês”, e promete para 2007 mais crônicas, com o livro Bogart Curitibano.
E dele são as palavras finais, que tomo como adequadíssimas para melhor retrata-lo, encontradas à página 36 de Onde me doem os ossos:
— Somos pessoas recatadas. Longe de nós o exibicionismo, o desfrute, as maneiras arreganhadas. Isso não nos transforma, porém, em matutos, seres rudimentares a primar pela ausência de neurônios no trato das questões fundamentais à sobrevivência do intelecto. Basta que saibam nos abordar, solicitando, em modos educados, que os levemos aos bem guardados segredos da velha civilização curitibana. Desconhecer isto é fatal para quem vá se dedicar a nos desvendar.
Ernani e Tânia
Dias Lopes entrevista ERNANI BUCHMANN - áudio
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ERNANI BUCHMANN
Para entender a alma curitibana, ler Ernani é essencial.
(Foto Diego Singh)
Trouxe Lula e FHC Ernani foi o responsável por reunir num espetáculo histórico Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. Foi em 1979, dentro do projeto Parcerias Impossíveis, que ele comandava pela Fundação Cultural de Curitiba, da qual se tornara diretor “graças a complô de Fábio Campana e Nireu Teixeira”, assegura.
O prefeito era Jaime Lerner, e o Parcerias reunia habitualmente celebridades cuja obra e ação faziam contraponto. Assim foi o encontro do hoje presidente e do ex-presidente no Teatro Paiol [quiseram transferir o evento para espaço maior, o Guaíra, Jaime não deixou]. Lerner não se importou com os que vetavam a vinda de Lula, recorda Ernani. Pagou para ver.
Ela e suas companheiras ilustram o recém lançado A Camisa de Ouro, livro com que Ernani comemora o primeiro ano da sua Getz Comunicação. Nele disseca as participações do Brasil na Copa, desde 1930, com reprodução fotográfica de todas as camisas da seleção brasileira ao longo da história, outra preciosidade bibliográfica da arte/paixão brasileira chamada futebol.
Além do sócio Marcos, os outros dois filhos de Ernani são Fábio [tem o nome em homenagem ao padrinho, Fábio Campana] e Thaís, casada, mãe de Natália Buchmann de Almeida, moradora na Bahia. Jessica, de 15 anos, é filha de Tânia.
Wasyl Stuparyk ou Basílio Junior
O RÁDIO E A TELEVISÃO
DO PARANÁ