Com direito a incursões profundas, com Ernani nos revelando que, antes de Charles Miller, Mr. Hugh e Mr. John [simplesmente assim] terem ao lado das ferrovias que implantavam, semeado peladas entre os operários. Foram, diz, os semeadores do soccer e é aos dois britânicos, cujo nome completo só Deus sabe, que dedicou o livro. Uma preciosidade, dedicando referências a realidades paralelas como as escolas de arte ofício criadas pelos ferroviários e ferrovias, tão importantes quanto os clubes ferroviários no fortalecimento educacional, profissionalismo e unidade laboral da categoria.
ERNANI BUCHMANN
Com Tânia, socióloga, pós graduada em Artes, fotógrafa, ao tomar posse na Academia de Letras. (Acervo de Família)
Seu Arino era devoto futebolista, fora diretor do América de Joinville e comentarista esportivo na cidade.
O melhor exemplo de identificação de Ernani com a pelota é o livro Quando o futebol andava de trem. É uma empreitada de talento, tempo, paciência de pesquisador e coordenação de uma azeitada equipe de apoio. Com esses ingredientes Ernani gera trabalho de feições historiográficas, cadenciado pelo texto jornalístico, mapeando a existência de dezenas de times nascidos ou com o nome de Ferroviário ou simplesmente criados por estímulos da categoria ferroviária em todo o Brasil. Autêntica arqueologia do futebol. É um documento de notável qualidade, ímpar na bibliografia do futebol brasileiro.
Em Curitiba, Arino foi diretor da mais importante empresa de seguros paranaense daqueles tempos, a Comercial de Seguros, que entre outras empresas do ramo, adquiriria aquela catarinense de Joinville.
Falar de Ernani Buchmann escritor e comunicador, publicitário, jornalista, passa obrigatoriamente por dona Lucília [a dona Luli], a mãe, professora de inglês, ex-guia de turismo, mulher de apuradíssimo senso de humor. É uma aglutinadora, dizem os amigos da família. Sobretudo pela articulação verbal e escrita, boa amostra encontrada no livro Piadas Apimentadas. O título traduz um conteúdo de situações hilariantes. É apresentado pela artista plástica Do Carmo Fortes, amiga inseparável.
Ernani Buchmann nasceu em 1948, estudou na escola Germano Timm e depois no Colégio Bom Jesus [antiga Escola Alemã], em Joinville. Escolas que acabam ajudando a entender , na criança, que é o “pai do homem”, a formação do multifacetado Ernani. Em Curitiba passaria de 1960 a 1963 no Colégio Santa Maria. De 1964 a 1966, o Clássico é no Colégio Estadual do Paraná, numa turma que tinha Ernane Strobel, Edgard Távora Jr., Ruiy Cunha Sobrinho, Miguel Nassar, Vidal Vanhoni, Fernando Gama Filho, Heitor Valente, Henrique Gomm, Omar Camargo, entre outros. Gente com raízes numa uma elite cultural da época.
Futebol de resultados
Se ansiava deixar a Presidência do Paraná em 1997, Ernani era nela, no entanto, um sucesso como administrador esportivo: além de nos dois anos ganhar dois campeonatos estaduais de futebol, foi também um primoroso construtor. Entregou o cargo com a amplíssima sede central administrativa erguida até à cumeeira, cinco outras sedes, finanças em dia.Reconhece que o futebol sempre teve poder mágico sobre si. Fascínio despertado aos três anos, quando o pai o presenteou com um exemplar da Manchete Esportiva, bíblia futebolística nacional da época, além de um uniforme do Fluminense, esse especialmente comprado no Rio.
Wasyl Stuparyk ou Basílio Junior
O RÁDIO E A TELEVISÃO
DO PARANÁ